domingo, 29 de maio de 2011

#%*$@ !!!!

Destempero. Raiva. Ódio. Fúria. Os instintos mais primitivos e bestiais d´alma humana manifestaram-se em mim ao cair da tarde deste dia 29 de maio. Como um verdadeiro lobisomen precoce, uivei, gritei e rosnei ao cair da tarde deste domingo, após o gol de empate do Bahia, quando os três pontos já pareciam comodamente guardados na mala do vôo rumo ao Rio de Janeiro.

O sentimento de injustiça é ainda maior, pois quando notamos o time em franca evolução (apesar das visíveis carências que levaram o time a perder dois pontos preciosos frente a um adversário que contava com Lulinha e Jobson, nitidamente acima da média dos adversários derrotados no recente certame regional), um erro estúpido de passe na intermediária valeu uma vitória fora de casa que pode nos fazer falta mais à frente, em campeonato equilibrado como é o Brasileiro.

Poderíamos ter vencido com maior facilidade. Nosso ataque marcou três vezes e nossa defesa entregou-se em igual número. 1) Levar gol a partir de arremesso lateral é erro que não pode ser cometido em equipe de futebol profissional. 2) Jogo empatado fora de casa, faltando poucos minutos para o fim do primeiro tempo, não é possível levar um contra-ataque que deixe a defesa desguarnecida. 3) Tocar a bola no campo de defesa, faltando poucos minutos para o encerramento da partida, e com um jogador a mais em campo (!!!!!), é pedir para ser vazado. Um erro de passe pode ser fatal. Como foi.

Que Galhardo, Wellington, Fernando, Egídio – que fez mais uma boa partida – e Wanderley não têm condições de serem titulares do time do Flamengo é público e notório. Mas um treinador experiente como Luxemburgo insistir na escalação dos mesmos é um mistério que, um dia, quiçá, ainda há de ser revelado para a humanidade. O que faz Luis Phelipe Muralha no elenco? O garoto não era o pica das galáxias do time de juniores? Angelim com 35 anos, um pé amarrado nas costas e de olhos vendados ainda é infinitésimas vezes mais jogador do que o débil Wellington. Na lateral-direita, Léo Moura precisa urgentemente voltar ao time ou então a diretoria terá que contratar algum substituto à altura. Infelizmente o esforçado Daniel Alves teve o passe valorizado com o título do Barcelona, pois poderia ser uma opção para o nosso banco de reservas.

Soam alvissareiras as especulações que dão conta de que evoluem bem as negociações com Airton e Alex Silva. No ataque, André poderá ser o jogador que falta à linha de frente da equipe. Hoje, Ronaldinho, Thiago Neves e Bottinelli são os três únicos atletas que têm alguma vocação para armar e concluir as jogadas. Um centroavante minimamente qualificado para a função representará um avanço astronômico se comparado com a deficiência técnica de Wanderley e Deivid. Diego Maurício, o melhor atacante do atual elenco, fez em 15 minutos mais do que o primeiro executou em 75. Por que ainda não é titular da equipe é outro enigma que deverá ser solucionado assim que os arqueólogos conseguirem decifrar os hieróglifos da Pirâmide de Tutancâmon.

Para o jogo contra o Corinthians, no próximo domingo, receio pela pressão da torcida sobre Petkovic. Os torcedores cobrarão, das arquibancadas, o vacilo nos últimos minutos que custou a vitória em Salvador. Se ganhássemos, tudo seria mais tranqüilo. Agora, os jogadores já entrarão pressionados e a participação do aposentado craque, em jogo que vale três pontos, soa, sobremaneira, temerária. Não me surpreenderá se esta despedida for adiada até um momento mais apropriado. A conferir.

sábado, 28 de maio de 2011

Assim é Pet

Estava passando pela porta do cinema e aconteceu uma daquelas coisas que só mesmo a crença em que algo maior rubro-negro olha por nós pode explicar. Entrei ali para fazer hora e comprei uma entrada para Piratas do Caribe 4, na falta de coisa melhor. O filme é 3D, disse-me a bilheteira, por isso, o preço da meia entrada é douze reais, completou cariocamente. Foi quando de repente, não mais que de repente, pude notar uma estranha movimentação. Já começavam a chegar os cinegrafistas das emissoras de televisão, os estagiários explorados dos sites esportivos – sim, eu já fui um deles – e mais meia dúzia de torcedores uniformizados. Perguntei ao cara do som posicionado ao lado de um cartaz do filme o que haveria ali. É a pré-estréia do filme do Pet, respondeu, enquanto ajeitava a fiação.

Como conseguir um convite para uma pré-estréia concorrida como aquela? Tentei ligar para alguns amigos que talvez pudessem me ajudar. Nada. Fiz menção de tirar uma antiga credencial de imprensa da mochila, mas rapidamente me dei conta do quão ridículo e, quiçá, vão poderia ser aquele ato. Foi quando mais uma vez o Espírito Santo Rubro-Negro pousou em meu ombro e soprou-me alguma coisa ao ouvido. Olhei para uma mesinha no canto onde duas moças bem-trajadas manipulavam alguns papéis. Fui até lá e perguntei como eu poderia assistir à película mais importante dos últimos dez anos para os 40 milhões de torcedores mais felizes do mundo. É só pra convidado, disse polidamente a moçoila, deixando-me frustrado por alguns segundos. Mas se sobrar, a gente vai liberar para o público, completou, ressuscitando as esperanças que alguns átimos antes estavam perdidas. Fiquei ali, rondando e observando a movimentação. Passados alguns minutos mais, voltei a abordar aquela que, a essa altura, já poderia considerar minha melhor amiga. Perguntou meu nome, fez que encontrou na lista de convidados, destacou o ingresso e me entregou, seguido de um piscar de olhos cúmplice. Gol!!!!!!

Para os rubro-negros, o documentário é imperdível. Rememora duas das últimas maiores glórias vividas pela nossa imensa nação, com detalhes épicos e direito a um personagem improvável. Maurinho, o contestado lateral-direito reserva da equipe tricampeã em 2001 era o companheiro de quarto de Pet na concentração. Sonhei que o camisa dez vai decidir o jogo, pressagiou ao gringo. Pensando naquilo, Pet quase não jogou no primeiro tempo, que terminaria empatado em 1 a 1, resultado que daria o título ao bom time do Vasco, que contava com Juninho Paulista, Viola, Ramon, Euller, entre outros, dirigido pelo malandro Joel Santana. Mas e se o 10 que decidir o jogo for o do Vasco, perguntou o craque rubro-negro ao cabeça de bagre. Besteira, falei aquilo sem pensar. Trate de jogar bola, ordenou Maurinho, na melhor atuação de sua vida. E assim foi feito. Pet voltou para o segundo tempo e decidiu. Fez o cruzamento para o segundo tento de Edilson na partida e o gol antológico de falta que até hoje Elton tenta alcançar a cada replay.

Sem tirar nem pôr, Pet é um personagem importante da história recente do Flamengo e merece as devidas homenagens em sua despedida dos gramados. Foi responsável, em grande parte, pelo Estadual de 2001 e pelo Brasileiro de 2009, ao lado de Adriano. Destaque para sua humildade e sinceridade. Sem falsos proselitismos, o sérvio deixa claro seu amor pelo Estrela Vermelha, clube pelo qual torcia na infância e onde iniciou a carreira futebolística, e não se furta em apresentar imagens de jogos pelos rivais Fluminense e Vasco. Quase no final do filme, conversa com Zico, ao lado da estátua do Galinho, no Maracanã, deixando límpida e cristalina sua admiração pelo maior dos maiores. Quantos gols você fez aqui?, pergunta Pet. Trezentos e trinta e três, responde Zico. Então faltam só trezentos para eu chegar lá, resigna-se o sérvio, reverenciando o inalcançável e insuperável ídolo rubro-negro.

domingo, 22 de maio de 2011

A noite do Urubu Rei

O Urubuzão Alfa mais uma vez mostrou como é que a banda toca: o leão vira leoa, o galo vira galinha e o peixe vira sardinha. Ontem à noite em Macaé não foi diferente. Logo na estréia do certame nacional, sem cerimônias, colocou logo a digníssima senhora do rei das selvas com as quatro patas no solo e regozijou-se na relva.

Na exibição de gala do Todo Poderoso Urubu Rei do ludopédio nacional, R10 deu o tom, Thiago Neves, Willians e Bottinelli prestaram auxílio luxuoso e até o Egídio jogou bem para espanto generalizado. Tudo bem que se não fossem os fraquíssimos manezinhos da ilha, teríamos sido vazados uma ou duas vezes, dada a displicência de David Braz e a inacreditável inaptidão de Wellington e Galhardo para o desporto futebolítico. Por outro lado, também poderíamos ter feito mais uns dois ou três, se, em lugar de Wanderley, tivéssemos algo que se aproximasse minimamente do que os antigos denominavam center-forward

Mas o que vale mesmo é enaltecer a realeza daquele que um dia rei, jamais perderá a majestade. Ronaldinho Gaúcho brilhou na terra do pré-sal fluminense, fazendo até mesmo a jazida Bacia de Campos estremecer em seu louvor. O repertório do craque rubro-negro beirou o extraterreno: toquezinho de calcanhar, lançamentos precisos, caneta, olho pr´um lado, toque pro outro, arrancada e golaço para esquentar a fria noite macaense.

Não precisamos muito mais do que isso, não. Basta agora repetir esta apresentação em metade dos próximos jogos, de preferência diante de oponentes um pouco mais qualificados e motivados. No mais, continuamos aguardando os reforços pontuais para as posições sabidamente carentes de nosso plantel para darmos prosseguimento à contagem regressiva que nos levará a elevar, pela sétima vez, o laurel máximo do futebol brasileiro: faltam (só) 37!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Rumo ao hepta!

Passados alguns dias da eliminação na Copa do Brasil, já consegui expurgar os demônios, esfriar a cabeça, tocar a vida. Da mesma maneira que nos esquecemos do 32º título Estadual após a derrota contra o Ceará, chegou a hora de nos olvidarmos do fracasso recente e tocarmos a vida rumo ao heptacampeonato! Isso aí, minha gente, não nos iludamos com o título ganho sobre nossos tradicionais fregueses regionais, tampouco nos suicidemos devido à frustrante desclassificação após estarmos vencendo por 2 a 0 na casa do adversário... melhor nem lembrar.

O que importa é que o Brasileirão se aproxima e temos tempo para botar ordem na casa, fazer uma listinha de dispensas (cuja repetição de nomes é desnecessária), bem como de reforços e, quiçá, para uma semana, dez dias de treinamento lá no pacato e bucólico interior de São Paulo, longe das tentações libidinosas, etílicas e gastronômicas da Cidade Maravilhosa.

Agora que os cariocas estão quase todos de férias, à exceção do Vice da Gama, que terá que cumprir tabela por mais duas semanas, o noticiário esportivo repetirá aquela enfadonha rotina de especulações sobre contratações esdrúxulas. Não acreditem em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, muito menos em Seedorf, Forlan ou Trezeguet (cruzes!) dando mole por aqui. Tal tática faz parte da mais provecta estratégia para vender jornal, inventada, reza a lenda, por ninguém menos que Gutemberg.

Crédito para a rapaziada que deu o sangue no Carioca e mesmo na fracassada campanha da Copa do Brasil. Felipe, Léo Moura, David Braz, Willians, Renato, Thiago Neves e Ronaldinho são uma base forte suficiente para brigar pelo nosso sétimo título do Brasileirão. Três ou quatro nomes, bem escolhidos, deverão preencher o elenco do escrete que poderá vir a ser o mais forte do país. À comissão técnica e diretoria, nossos mais sinceros votos de confiança na continuidade do planejamento de trabalho.

Pra cima deles, Mengou!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Falando sério

Ao contrário do que ando ouvindo por aí, não acho que o time do Flamengo fez “a sua melhor atuação do ano” ontem à noite. Talvez eu não tenha visto o mesmo jogo que os grandes ludopediólogos nacionais. Mas, na opinião deste ignorante apreciador do bruto esporte bretão, que ainda acredita que cabeça de bagre não vira craque da noite pro dia, nosso esquadrão foi merecidamente derrotado e ainda se deu bem por não ter levado o terceiro gol quando o tal Geraldo, que pensa que é o Pelé do Ceará, isolou o gol mais mole da história, desde que Martin Soares Moreno conheceu a índia Iracema.

A equipe (mal) comandada por Luxemburgo foi a mesmíssima de sempre: lenta na transição entre a defesa e o ataque, sem jogadas pelas laterais e uma inoperância abissal no setor ofensivo. Rodrigo Alvim continua sem jogar porra nenhuma (ao que não é novidade) e seu amigo Ronaldinho Gaúcho, em solidariedade, decidiu que seu companheiro dos tempos de Gaymio não será vaiado sozinho.

No ataque, David até que melhorou desde a partida contra o Vasco, voltando um pouco mais para buscar o jogo, mas não é o centroavante, o artilheiro que o time precisa e a torcida espera. Wanderley é aquela coisa: disposição pra cacete, um gol aqui, outro acolá, mas sua irregularidade comprova que não tem bola para ser titular. Diego Maurício, mesmo aos trancos e barrancos, ainda é o melhor atacante do elenco. No entanto, a falta de uma sequência de jogos faz com que não tenha a confiança que precisa para tentar jogadas. É notório que nos jogos em que vem entrando, praticamente nos minutos finais do segundo tempo, já não arrisca mais os dribles e arrancadas que tanto empolgaram a torcida em 2010.

O que se viu ontem no Engenhão não foi obra do acaso. O Ceará jogou como tinha que ter jogado. Diria até que arriscou mais do que o previsto, dominando o Flamengo durante grande parte do primeiro tempo até chegar ao gol. Na base da raça, o Flamengo equilibrou a partida na etapa final. Thiago Neves, mais uma vez mal escalado, atuando pela direita e muito recuado, se fez notar apenas quando perdeu gol incrível, em que a bola explodiu no travessão; e em arrancada destrambelhada, quando saiu trombando com a defesa adversária até ser atropelado por um beque desembestado. 

O segundo gol dos cabras foi irregular. Disso poucos duvidam. Mas é inadmissível que Renato e Wellington simplesmente desistam da jogada sem que o juiz apite a infração. Quando Angelim tentou chegar junto no lance, já era tarde demais.

Por incrível que possa parecer, Fierro entrou bem na partida. Ficou claro que qualquer um pode jogar melhor do que Galhardo na lateral-direita e o chileno tem que ser o titular, caso Leo Moura não tenha condições para a partida de volta. Foi dele o cruzamento para o gol de Wanderley e mais um ou outro passe que foram as poucas opções ofensivas, no deus-nos-acuda a que o time se entregou no segundo tempo.

Semana que vem, é bom que Luxemburgo faça algum milagre ou o tão almejado sonho da tríplice coroa periga mesmo ir pro brejo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Essa loteria é barbada

Se o azarão ganha uma vez é sorte. Se ganha duas vezes, é muita sorte. Se ganhar três vezes, aposte no azarão. É mais ou menos esta a moral da história para aqueles que ainda acreditam que pênalti é loteria. O histórico inconteste de vitórias do cavalo prova que ele é realmente o melhor do páreo. O campeão carioca invicto de 2011 é o Clube de Regatas do Flamengo, aquele que não perde uma decisão por pênaltis há sete anos. Sorte?

Neste certame, não perdemos uma partida sequer, mesmo aquela em que fomos fragorosamente garfados pela arbitragem e jogamos sem dois de nossos mais badalados jogadores. Nas partidas em que não terminamos os 90 minutos em vantagem no marcador e o regulamento exigia que houvesse um vencedor, fomos mais competentes, mais frios, mais precisos e tivemos mais poder de decisão nas cobranças alternadas de tiros livres da marca do pênalti. Nosso ótimo goleiro defendeu as cobranças que tinham o endereço do gol e estavam ao seu alcance e os nossos cobradores tiveram a eficiência mínima necessária para superar todos os adversários: Botafogo (semifinal da Taça Guanabara), Fluminense (semifinal da Taça Rio) e Vasco (final da Taça Rio). Precisa dizer mais alguma coisa?

Não somos a equipe dos sonhos dos torcedores? Ronaldinho Gaúcho ainda não encanta os sábios especialistas do bruto esporte bretão? Temos jogadores fracos demais para as tradições rubro-negras na lateral-esquerda, zaga central e no comando de ataque? Não enfrentamos adversários verdadeiramente fortes (onde estão eles?)? Então, algum mérito nossa comissão técnica deve ter. Assim como atletas que se destacaram no campeonato, quais sejam: Felipe, Léo Moura, David Braz, Willians e Thiago Neves.

Que venham os tais bichos-papões do ludopédio nacional nas fases finais da Copa do Brasil e no vindouro Campeonato Brasileiro. Até lá, nossa diretoria certamente dará um jeito de ajeitar o time, suprindo as carências de que ainda padecemos, sem, com isso, perder o entrosamento que a equipe vai aos poucos assimilando. Se por um lado, o título estadual não será a peneira que esconderá a ofuscante verdade, por outro, poderá ser a lupa que servirá para melhor analisar o consistente trabalho de Luxemburgo, Antônio Melo e Cia à frente da comissão técnica.

E, no próximo páreo, aposte no cavalo mais habituado a vencer.

domingo, 24 de abril de 2011

Mais um milagre do Manto Sagrado


Mal havia soado o apito final. Desliguei a televisão e desci os 15 andares que me separavam do bar mais próximo. Duas cervejas, por favor, solicitei ao amigo Eucimar, já adiantando o pedido que poderia me deixar um pouco mais calmo. Poucas vezes senti a morte tão de perto. Jurei que desta vez eu passaria desta para melhor, diante da tensão que se apossara de mim. Sozinho no domingo à tarde no apartamento vazio, gritar à janela e enviar mensagens de escárnio via SMS ao amigo tricolor era o que ajudava a descarregar a “naftalina”, como diria o folclórico Peu, nos idos dos anos 70. Ainda morro disso. Mas, morrer campeão, quer destino melhor?

Talvez nem mesmo Nelson Rodrigues previsse um Fla x Flu assim. Fraco tecnicamente, mas riquíssimo em emoção e personagens: Rafael “She Ra” Moura, autor do gol mais impedido de toda a história do ludopédio mundial; Willians, o leão de chácara mais feroz que já pisou os gramados nacionais; Thiago Neves, o homem dividido entre duas bandeiras; e Felipe, o rei macedônico mais querido do Brasil.

Se o clube mais purpurinado de todo o território brasileiro tem o Sobrenatural de Almeida entre suas fileiras de torcedores, nós temos algo que nenhuma outra agremiação desportiva, em nenhum outro rincão interplanetário, tem. O símbolo de toda a nossa tradição, representante de todo nosso passado de glórias, identidade indelével de todo rubro-negro, ícone de raça, amor e paixão, capaz de superar o mais insuperável dos desafios e sobrepujar o mais temível adversário: é ele, o nosso Manto Sagrado.

Na tarde deste domingo foi o que nos garantiu a vitória sobre as moças efeminadas mais maquiadas do futebol mundial. Nosso Manto provou definitiva e inexoravelmente seus poderes sobrenaturais e sua força de mais de um século de história. Foi como se todos os craques rubro-negros de todos os tempos tivessem encarnado naqueles onze pedaços de pano e conferissem dons mágicos aos limitados Galhardo, Wellington, Alvim, Fernando, Wanderley e, sobremaneira, a Willians, o gigante da meia cancha. Não, senhores, nenhuma outra equipe do planeta possui uma camisa com tamanha mística quanto o Manto Sagrado Rubro-Negro.

Na lógica, nada poderia tirar a vitória das meninas do laranjal. Após o faniquito coletivo instaurado depois da classificação no certame continental no meio da semana, pisaram o gramado do Estádio Olímpico como se fossem as top models internacionais que pensam que são. O fraquíssimo soprador de apito, além de inverter todas as faltas e arremessos laterais em favor das donzelas aristocráticas, ainda teve a desfaçatez de validar um gol em impedimento ululante, como diria o Anjo Pornográfico. E nós? Além do empate desenxabido diante do insignificante Horrorizonte, no meio da semana, ainda perdemos nosso gladiador Maldonado e Ronaldinho “The Best of the world” Gaúcho, em cima da hora. Achou pouco? Pois, com menos de 10 minutos de jogo, ficamos ainda sem o jogador mais regular do futebol interplanetário da última meia década, o melhor lateral-direito do globo, Léo Moura.

O placar de 1 a 0 a favor do time de futebol feminino mais afrescalhado de todos os tempos parecia irreversível. Nosso bravos atletas, apesar da inegável entrega, não pareciam capazes de chutar uma bola na direção de um cone localizado a um metro e meio de distância. Foi quando uma facho de luz resplandeceu por entre as negras nuvens que encobriam o céu do Rio de Janeiro. O clarão dirigiu-se rumo ao corpo de um certo Willians, que envergava a camisa oito do Manto Sagrado Encarnado e Negro. Sim, era ele, o espírito de Zizinho, o “catedrático”, como descrevera certa vez o locutor Oduvaldo Cozzi. Incorporado em Willians, Zizinho, como nos velhos tempos, pôs a bola na cabeça de Thiago Neves que só teve o trabalho de testar para o fundo do gol feminino.

Na cobrança de penalidades, mostramos mais uma vez qual o clube mais imponente do mundo. Mesmo sem contar com a sorte dos cobradores mais eficientes, nossos meninos provaram o que é a pele rubro-negra. Não culpo Renato Abreu e Thiago Neves, pois já nos ajudaram em outros momentos e julgá-los “amarelões” seria fácil demais neste momento. Mas não podemos deixar de enaltecer a frieza de Galhardo e Diego Maurício. Sim, não me esqueci de Bottinelli, David Braz, Deivid e Felipe, que também cumpriram com suas obrigações (sim, porque pegar pênalti mal cobrado é dever de um goleiro do nível de nosso soberano arqueiro dos Bálcãs) cívicas perante a Nação Rubro-Negra. Mas as cobranças dos dois jovens atletas recém-chegados das categorias de base provam o talento nato dos jogadores formados no clube. Só eles entendem verdadeiramente o significado do Pavilhão Encarnado e Negro, simbolizado pela bandeira mais linda do mundo tremulando no lugar mais alto, acima de todas as demais.

P.S.: E que venha o nosso vice de fé.