Destempero. Raiva. Ódio. Fúria. Os instintos mais primitivos e bestiais d´alma humana manifestaram-se em mim ao cair da tarde deste dia 29 de maio. Como um verdadeiro lobisomen precoce, uivei, gritei e rosnei ao cair da tarde deste domingo, após o gol de empate do Bahia, quando os três pontos já pareciam comodamente guardados na mala do vôo rumo ao Rio de Janeiro.
O sentimento de injustiça é ainda maior, pois quando notamos o time em franca evolução (apesar das visíveis carências que levaram o time a perder dois pontos preciosos frente a um adversário que contava com Lulinha e Jobson, nitidamente acima da média dos adversários derrotados no recente certame regional), um erro estúpido de passe na intermediária valeu uma vitória fora de casa que pode nos fazer falta mais à frente, em campeonato equilibrado como é o Brasileiro.
Poderíamos ter vencido com maior facilidade. Nosso ataque marcou três vezes e nossa defesa entregou-se em igual número. 1) Levar gol a partir de arremesso lateral é erro que não pode ser cometido em equipe de futebol profissional. 2) Jogo empatado fora de casa, faltando poucos minutos para o fim do primeiro tempo, não é possível levar um contra-ataque que deixe a defesa desguarnecida. 3) Tocar a bola no campo de defesa, faltando poucos minutos para o encerramento da partida, e com um jogador a mais em campo (!!!!!), é pedir para ser vazado. Um erro de passe pode ser fatal. Como foi.
Que Galhardo, Wellington, Fernando, Egídio – que fez mais uma boa partida – e Wanderley não têm condições de serem titulares do time do Flamengo é público e notório. Mas um treinador experiente como Luxemburgo insistir na escalação dos mesmos é um mistério que, um dia, quiçá, ainda há de ser revelado para a humanidade. O que faz Luis Phelipe Muralha no elenco? O garoto não era o pica das galáxias do time de juniores? Angelim com 35 anos, um pé amarrado nas costas e de olhos vendados ainda é infinitésimas vezes mais jogador do que o débil Wellington. Na lateral-direita, Léo Moura precisa urgentemente voltar ao time ou então a diretoria terá que contratar algum substituto à altura. Infelizmente o esforçado Daniel Alves teve o passe valorizado com o título do Barcelona, pois poderia ser uma opção para o nosso banco de reservas.
Soam alvissareiras as especulações que dão conta de que evoluem bem as negociações com Airton e Alex Silva. No ataque, André poderá ser o jogador que falta à linha de frente da equipe. Hoje, Ronaldinho, Thiago Neves e Bottinelli são os três únicos atletas que têm alguma vocação para armar e concluir as jogadas. Um centroavante minimamente qualificado para a função representará um avanço astronômico se comparado com a deficiência técnica de Wanderley e Deivid. Diego Maurício, o melhor atacante do atual elenco, fez em 15 minutos mais do que o primeiro executou em 75. Por que ainda não é titular da equipe é outro enigma que deverá ser solucionado assim que os arqueólogos conseguirem decifrar os hieróglifos da Pirâmide de Tutancâmon.
Para o jogo contra o Corinthians, no próximo domingo, receio pela pressão da torcida sobre Petkovic. Os torcedores cobrarão, das arquibancadas, o vacilo nos últimos minutos que custou a vitória em Salvador. Se ganhássemos, tudo seria mais tranqüilo. Agora, os jogadores já entrarão pressionados e a participação do aposentado craque, em jogo que vale três pontos, soa, sobremaneira, temerária. Não me surpreenderá se esta despedida for adiada até um momento mais apropriado. A conferir.